Alma de cuíca
Sr. Davi Despera não gasta dedo em cuíca, esse som de purgatório. Vão dizer, ah, se deboche se aprendesse em partitura.
(Na verdade, é aquela história: mamífero didelfídeo semelhante ao gambá. Cainossamba).
Enche tu os cornos e arregaça as mangas - da madrugada até o ombro - pra ver se não é. Tesoura transgredindo o pontilhado, assinatura fora do x, navalha no pé, prego que tricota, cuspe que apaga, aviãozinho com a fatura do Banco do Brasil. Palavra pigarreada.
Cuíca é inevitável como o é o falo dos anjos. Harpa de trás pra frente ou então me enganaram, esse país tomou jeito, até afino meu couro. Alma estabanada - é o que é, ninguém nunca disse. Uma dose de Deus, duas de cachaça. Salaminho e provolone. Poesia é mortadela.
Daí a buzina por atrito de pano azeitado em suor. Contramão é o melhor caminho, sereno é a melhor escolha, pimenta é melhor mordida. Contra os fins, vote meios e desconfie, seria trágico se não fosse cômico.
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